UM EXERCITO NÃO É FEITO APENAS POR GENERAIS

Fernando Fliper
Igreja Metodista em Teresina/PI 

    
Amados, a cada mergulho profundo que faço nas águas límpidas da palavra de Deus me surpreendo com um fato novo e edificante para minha vida. Essa noite, quando me preparava para elaborar o estudo que iria ministrar domingo na sala dos adultos, na Escola Bíblica pude observar grandes coisas que ficaram por muito tempo, escondidas nas entrelinhas dos capítulos e versículos da Bíblia. Muitos desses foram vividos por pessoas comuns, mas de uma grandiosidade imensurável diante da finalidade para os quais foram propostos.

Para iniciar ressalto a importância que teve Arão para o ministério de Moisés. No livro de Êxodo, o Senhor ao chamar Moisés para libertar o povo cativo do Egito e ter como primeira resposta o questionamento de que possuía língua presa: “Então disse Moisés ao SENHOR: Ah, meu Senhor! eu não sou homem eloqüente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua” (Ex. 4. 10) Então lhe respondeu o Senhor: “E ele falará por ti ao povo; e acontecerá que ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus” (Ex 4. 16). Moises conseguiu êxito em tudo que fez e Arão sempre esteve do seu lado. Observamos que no início o simples Arão era apenas a boca de Moises, mas ao fim foi exaltado e escolhido como Sacerdote de Deus. Muitos outros poderíamos citar como: Jonatas, amigo de Davi; os dois espias enviados por Josué; a menina escrava que aconselhou Naamã; em fim muitos “anônimos se tornaram bênçãos para a obra de Deus. 

Nos Evangelhos muitos acontecimentos ocorreram como panos de fundo para momentos grandiosos do ministério de Cristo.

Para início, cito o como o nosso Senhor veio ao mundo. Quem não se lembra, de como foi a “maternidade” em que o Rei dos reis nasceu? Todos vocês podem estar pensando que irei me referir das condições precárias de funcionamento, da falta de um médico que o recebesse, em fim, de tudo que um rei teria direito, mas que não aconteceu com Jesus. Isso de certa forma ilustrou bem como foi a vida de Cristo diante dos homens, mas quero chamar atenção para uma família que a Bíblia nem diz o nome do patriarca desse lar, mas que apesar de não ter dado o melhor ao Senhor, lhe concedeu um lugar para que Ele pudesse nascer.

Outro fato que me chamou atenção foi a matança de “inocentes mártires”, criança, que perderam suas vidas em face da busca insana de Herodes para exterminar o Menino Rei que tinha acabado de nascer.

O menino que ouvia o sermão de Jesus que cedeu os pães e os peixes que alimentaram a todos. O dono do jumentinho que o cedeu para que Cristo entrasse em Jerusalém. Os pescadores que cederam seus barcos usados para a locomoção de uma margem à outra do mar da Galiléia. A família que cedeu sua casa para a realização da ceia que antecedeu a Sua morte na cruz. O Cirineu que o ajudou a carregar a nossa cruz. José de Arimatéia que emprestou o túmulo onde fora sepultado.

Diante do exposto me pergunto por que as cadeiras estão cheias de irmãos aos domingos e nos evangelismos, ações sociais, culto de oração ha tão poucos? É comum ouvirmos: “eu não sei fazer; eu não sou líder de ministério; o irmão tem mais capacidade do que eu”. Infelizmente muitos ainda possuem o complexo de Gideão que ao ser informado pelo anjo do Senhor que salvaria Israel dos Midianitas respondeu: “E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai” (Jz. 6. 15). Todos nós devemos saber que assim como Deus foi com Gideão e lhe deu a vitória, Ele dará a todos nós sem exceção. Então paremos com essa falsa pequenez.

Por fim, constatei que nem sempre o aroma agradável sai apenas dos grandes vasos perfumados, parafraseando o saudoso Rui Barbosa. É preciso, que como igreja, prestemos mais atenção nos pequenos, nos panos de fundo, nos que para muitos são tidos como imperceptíveis, incentivando-os, e encorajando-os para serem sempre atuantes na obra de Deus, pois UM EXERCITO NÃO É FEITO APENAS POR GENERAIS, é necessário que tenham também muitos soldados rasos.