“Tu formaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe” – Salmo 139.13 “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” - Salmo 24:1
Nós, Bispa e Bispos da Igreja Metodista em terras brasileiras, manifestamos publicamente com relação à recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que abre precedente para a descriminalização do aborto no Brasil. Nos dirigimos especialmente à comissão especial criada pelo Deputado Rodrigo Maia no dia 29 de novembro de 2016, para legislar sobre o tema com a intenção de incluir uma regra clara na Constituição com relação a interrupção da gravidez.
Em 2007, o Colégio Episcopal da Igreja Metodista emitiu um pronunciamento sobre a questão, posicionando-se contrário à prática do aborto, pressupondo o procedimento em casos extremos pontuados claramente no documento. Reafirmamos que a vida é dom de Deus, portanto deve ser preservada desde a sua concepção.
O texto destaca ainda a importância de oferecer às mulheres brasileiras como forma de prevenção:
- Educação sexual;
- Renda familiar justa;
- Acesso ao controle de natalidade (não abortivo);
- Suporte digno ao ato maravilhoso de “dar à luz”.
Infelizmente, mesmo depois de quase dez anos da emissão do pronunciamento citado, ainda há registros alarmantes de mulheres, principalmente em regiões empobrecidas, para as quais ainda não é ofertado pelo estado esse suporte mínimo, o que faz com que a questão do aborto ainda represente um problema não apenas moral e ético, mas de saúde pública. As perspectivas de melhoras referente à essa realidade não são animadoras quando lembramos que os investimentos na área da saúde pública estão prestes a serem congelados por 20 anos.
Não podemos ignorar que o STF julgava um caso de aborto clandestino na decisão que gerou a polêmica e desencadeou a discussão no Legislativo. Da mesma forma, não ignoramos que mulheres com algum poder aquisitivo acessam procedimentos seguros em clínicas particulares e abortam confidencialmente, enquanto a criminalização e o risco de morte se restringem às mulheres pobres ou sem acesso aos recursos básicos mencionados, e que muitas vezes em desespero, buscam clínicas clandestinas colocando em risco a própria vida.
Aos que compõe a comissão que tratará o delicado assunto na Câmara dos Deputados, ressaltamos que a discussão será irrelevante se ignorar essa clara injustiça social, ou se levar em consideração apenas questões éticas, morais e religiosas, sem analisar a discriminação óbvia que os procedimentos apresentam hoje para as mulheres pobres.
Às comunidades de fé, lembramos que cada Igreja Metodista deve ser um lugar acolhedor e disposto a oferecer cuidado e informação para mulheres que, independente do motivo, precisam de ajuda para tomar uma decisão segura e consciente, ensinando sempre sobre a vida como valor absoluto. Tanto a vida da criança, quanto a vida da mulher. A igreja é Comunidade missionária a serviço do povo, espalhando a santidade bíblica sobre toda a terra. Esforços e recursos precisam voltar-se para esta base missionária (PNM 2012-2016).
Pelas realidade citadas o povo metodista brasileiro condena tenazmente esta decisão e se propõe a combater a mesma com determinação e orientação ao povo, pois entende que a vida desde a sua concepção pertence a Deus e como Igreja defenderemos o direito à vida de todos e todas.
São Paulo, 01 de dezembro de 2016
Colégio Episcopal da Igreja Metodista no Brasil 2012-2016
Bispo Adonias Pereira do Lago – Presidente do Colégio Episcopal
Bispo João Carlos Lopes - Vice-Presidente do Colégio Episcopal
Bispa Marisa De Freitas Ferreira – Secretária do Colégio Episcopal
Bispo Paulo Tarso De Oliveira Lockmann
Bispo Luiz Vergílio Batista da Rosa
Bispo José Carlos Peres
Bispo Roberto Alves de Souza
Bispo Carlos Alberto Tavares Alves -
Torre forte é o nome do Senhor; para ela corre o justo, e está seguro.
PROVÉRBIOS 18.10