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Palavra Episcopal: A relação com o mercado de trabalho






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“Entre o povo oprimem uns aos outros, cada um ao seu próximo; o menino se atreverá contra o ancião e o vil contra o nobre. Quando alguém se chegar a seu irmão e lhe disser, na casa do seu pai: Tu tens roupa, sê nosso príncipe e toma sob teu governo esta ruína; naquele dia, levantará este a sua voz dizendo: Não sou médico, não há pão em minha casa, nem veste alguma; não me ponhais por príncipe do povo, o aspecto do seu rosto testifica contra eles; e como Sodoma, publicam o seu pecado e não o encobrem. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos.”  
 Isaías 3:5 a 9.

 

O texto de Isaías e o de Mateus nos falam de uma temática: propriedades e bens colocados acima da vida. O valor das propriedades excede o da criação máxima de Deus - o ser humano. Esta alteração de valores gera resultados altamente malignos. Perde-se a referência do querer de Deus e parte-se para uma jornada pelo poder. Em seu livro Anatomia do poder¹, J. Kenneth Galbraith cita Max Weber: poder é “a possibilidade de alguém impor a sua vontade sobre o comportamento de outras pessoas.” ²O que vemos nos dois textos bíblicos é isto: a presença do poder humano sobre outras vidas.

I - Nem sempre foi assim

Correndo o risco de ser vista como pueril e desinformada, insisto em aprender com a Palavra. Ela ensina que nem sempre foi assim. Houve tempo em que o ser humano trabalhava para seu sustento e prazer. Seu alimento estava às mãos: frutas, verduras, legumes e a pesca. Não se recebia salário e nem se distanciava dos membros da família por causa do trabalho. Saciar suas necessidades básicas era algo natural - sem lucro e sem patrão/oa. Tempo do paraíso. Tempo extinto. Tempo ansiado - não mais presente.
II - O pecado se desenvolve pelos/as humanos/as
Recomendo a leitura do livro As Armas Ideológicas da Morte. ³De forma bem clara o autor expõe a realidade do mercado de trabalho. Neste meio, as mercadorias, o dinheiro e o capital são tidos como “pessoas” e as pessoas são vistas como “coisa” ou “mercadoria”4. Esta inversão de valores é chamada de fetichismo. São destacados três aspectos:
1- Fetichismo das mercadorias
Nas demandas da produção de bens e de troca dos mesmos, percebe-se que ao invés de “o produtor de mercadorias dominá-las, acontece precisamente o contrário, o produtor é dominado pelas mercadorias”5. A partir daí o ser humano tende a ser dominado pelas mercadorias - torna-se escravo da produção.
2 - Fetichismo do dinheiro
O dinheiro surge como símbolo da mercadoria. Ele é quem comanda as mercadorias. Surge um conceito geral de que o grande dono dos relacionamentos sociais é o dinheiro. Neste aspecto Karl Max o chama de “Anticristo” e “Anti-homem”. O dinheiro tem um lugar meio que sagrado e não se pode confrontar esta sacralidade. Que realidade triste! É o que vemos todos os dias; só tem valor, só é, quem tem dinheiro. Ele é mais do que quem produz as mercadorias e mais do que as próprias mercadorias. Hoje há até pessoas cristãs que medem a comunhão com Deus a partir da quantidade de dinheiro que se tem. Quando Jesus voltar, achará fé na terra?

 

 

O texto de Isaías e o de Mateus nos falam de uma temática: propriedades e bens colocados acima da vida. O valor das propriedades excede o da criação máxima de Deus - o ser humano. Esta alteração de valores gera resultados altamente malignos. Perde-se a referência do querer de Deus e parte-se para uma jornada pelo poder. Em seu livro Anatomia do poder¹, J. Kenneth Galbraith cita Max Weber: poder é “a possibilidade de alguém impor a sua vontade sobre o comportamento de outras pessoas.” ²O que vemos nos dois textos bíblicos é isto: a presença do poder humano sobre outras vidas.


I - Nem sempre foi assim

Correndo o risco de ser vista como pueril e desinformada, insisto em aprender com a Palavra. Ela ensina que nem sempre foi assim. Houve tempo em que o ser humano trabalhava para seu sustento e prazer. Seu alimento estava às mãos: frutas, verduras, legumes e a pesca. Não se recebia salário e nem se distanciava dos membros da família por causa do trabalho. Saciar suas necessidades básicas era algo natural - sem lucro e sem patrão/oa. Tempo do paraíso. Tempo extinto. Tempo ansiado - não mais presente.


II - O pecado se desenvolve pelos/as humanos/as

Recomendo a leitura do livro As Armas Ideológicas da Morte. ³De forma bem clara o autor expõe a realidade do mercado de trabalho. Neste meio, as mercadorias, o dinheiro e o capital são tidos como “pessoas” e as pessoas são vistas como “coisa” ou “mercadoria”4. Esta inversão de valores é chamada de fetichismo. São destacados três aspectos:


1- Fetichismo das mercadorias

Nas demandas da produção de bens e de troca dos mesmos, percebe-se que ao invés de “o produtor de mercadorias dominá-las, acontece precisamente o contrário, o produtor é dominado pelas mercadorias”5. A partir daí o ser humano tende a ser dominado pelas mercadorias - torna-se escravo da produção.


2 - Fetichismo do dinheiro

O dinheiro surge como símbolo da mercadoria. Ele é quem comanda as mercadorias. Surge um conceito geral de que o grande dono dos relacionamentos sociais é o dinheiro. Neste aspecto Karl Max o chama de “Anticristo” e “Anti-homem”. O dinheiro tem um lugar meio que sagrado e não se pode confrontar esta sacralidade. Que realidade triste! É o que vemos todos os dias; só tem valor, só é, quem tem dinheiro. Ele é mais do que quem produz as mercadorias e mais do que as próprias mercadorias. Hoje há até pessoas cristãs que medem a comunhão com Deus a partir da quantidade de dinheiro que se tem. Quando Jesus voltar, achará fé na terra?

 

3 - Fetichismo do capital

O capital é qualquer bem que pode gerar um outro bem.

a) O pobre é um instrumento para produzir este bem. É uma força de trabalho. Esta força é utilizada, mas não abusivamente - para que o/a trabalhador/a não se revolte ou morra. O/a operário/a é necessário/a para manter o capital - as relações sociais não importam. Coisificados/as para satisfazer o desejo de alguns/as.

b) Os/as donos/as do capital tem que fazer o mercado funcionar. E isto exige o sacrifício de vidas menos “importantes”. Os/as donos/as servidores/as do capital.

 

III - A pessoa cristã e o trabalho

Sujeito transcendental e ator social:

“A primeira, designa o ser humano profundo, que não se deixa domesticar por nenhum sistema e volta constantemente a reclamar por dignidade e justiça”.

“A afirmação do ser humano como sujeito (...) exige para sua efetivação uma ação social e/ou política.”6

 

IV - Observando

Poder “é a possibilidade de alguém impor a sua vontade sobre o comportamento das pessoas.”7

Nós professamos que Deus é Senhor! E é verdade. Porém sabemos que os/as humanos/as agem como se fossem os/as donos/as do mundo. Exercem poder de governo sem sequer ouvir a Deus. Vidas humanas são “coisas” no mundo em que o que comanda é o CAPITAL. 

Sofrivelmente, muitos/as cristãos/ãs não percebem que sacralizam os poderes, patentes, forças e pessoas deste mundo. Adoram um anticristo e não se dão conta. A relação com o trabalho é uma destas situações. Comumente lidamos com esta realidade:

a) Vidas semiescravas de um trabalho que não lhes dá descanso, nem tempo para cuidarem da saúde, nem respeito por seu trabalho.

b) A falta de emprego para todos/as favorece a submissão dos/as que estão empregados/as;

c) Patrões/oas cristãos/ãs agem como os/as demais: o que lhes preocupa é aumentar o ganho de dinheiro e aumentar seu capital.

d)Alguns/as empregados/as não vivem - sobrevivem. Só trabalham.

 

E se fôssemos listar todas as complicações, gastaríamos tempo.

 

V - Em tempo de oração

Como pessoas cristãs, sem dúvida viveremos sempre uma grande luta: trabalhar (o que é necessário) e avaliar o mercado de trabalho. Temos caminhos que podem nos ajudar:

a) Lembrar sempre do que a Palavra diz e estudá-la cada vez mais;

b) Atuar socialmente, enquanto cidadão/ã (ver o nosso credo nacional que está nos Cânones e no site nacional: www.metodista.org.br)

c) Orar incessantemente para não cair no convite que o mercado nos faz: ter, ter e ter;

d) Divulgar a visão bíblica para colegas do trabalho;

e) Participação de organização social que ajudem a mudar a situação sob a qual estamos;

f) Ouvir muito a Jesus, especialmente o Sermão do Monte;

g) Aprender com Jesus: Quando o diabo quis oferecer-lhe todas as riquezas do mundo, Ele o rejeitou. O preço para ter as riquezas era o de trair ao seu Pai. (Lucas 4).

 

Em tempos de tanta manipulação da Palavra de Deus, que o Senhor nos encha da sua Graça.

 

Marisa de Freitas Ferreira
Pastora no exercício do Episcopado


 

 




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