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É NATAL! JESUS MORREU!
Resolvi dar uma olhada ao redor, para apreciar os primeiros enfeites de Natal que já estão em evidência. O colorido verde-vermelho faz contraste com o prateado-dourado, que sempre o acompanha. Enfeites lindos: bolas, árvores, velas, flores (especialmente os bicos de papagaio) e sinos. As meias  decorativas de feltro, de tamanhos diversos, fazem lembrar que alguém colocará presentes dentro das mesmas. Por isto ficam bem à vista, presas às portas ou às árvores de Natal. Os cartões de Natal já estão por todo lado, quase sempre com fotos ou pinturas de um Natal bem distante de nós, pessoas do Brasil: muita neve, bonecos de neve, roupas de frio, cachecóis coloridos, muitos papais-noéis obesos e de olhar bondoso, trenós, renas, sacolas e sacolas de presente. Pessoas bonitas e jovens ao redor de mesas lindas e fartas. Famílias com pai-mãe-filhos/as ao redor das árvores enfeitadas. 
As lojas se superam em vitrines admiráveis. Comumente se vê um Papai Noel convidando o/a expectador a entrar e apreciar as ofertas para presentes de Natal. E o sorriso estampado no rosto deste velho conhecido é tão simpático, tão natural que até contagia. Dá vontade de sorrir também. Aliás, tem-se a impressão que chegou o tempo da alegria, do sonho, da comunhão, da fraternidade, da bondade e do altruísmo. Parece um sonho bom, daqueles que a gente não quer que chegue ao final. Tudo tão bonito!Tudo tão agradável!Tudo tão convidativo...
I – Sonho bom, contagia!
Tem-se uma sensação tão agradável. Meio parecida com aquela que se experimenta quando em férias, em lugares bem aprazíveis e bucólicos. Dá até prá inspirar fundo e sentir intensamente o prazer de se poder parar e descansar - de preferência junto à família. Esta sensação prazerosa parece ser a que envolve o Natal. 
Para onde se olha há algo que remete à festa. As ruas estão enfeitadas, as casas estão iluminadas. As praças são cuidadosamente enfeitadas com luzinhas de todos os jeitos. À noite os olhares, cansados ou nãos, podem repousar nestas imagens que são encantadoras. Quase mágicas. As famílias saem mais à rua, as crianças estão mais presentes às praças. Espaços públicos, antes quase imperceptíveis ,agora mais parecem cenários de filmes hollywoodianos. Efeitos luminosos do “pisca-pisca” conseguem prender a atenção até dos/as mais apressados/as. Mais uma vez o ambiente parece mágico! 
E as músicas? Até estas são agora voltadas para o Natal. Estabelecimentos que antes se utilizavam de músicas outras para agradar à clientela, agora estão como que em acordo universal e só se ouve músicas de Natal. 
II – Tempo de comunhão
  
O assunto central é o Natal. Os planos, as agendas, as festas, os jantares, enfim, a vida social está voltada para a festa natalina. Amigos/as combinam os encontros para troca de presentes, familiares fazem questão de se reunir especialmente nesta data. As escolas programam as suas festas. A turma do trabalho ressalta a importância de estar junta e celebrar o espírito do Natal. Pessoas se dispõem ao perdão, à reconciliação, a novas chances para relacionamentos rompidos. 
As mensagens nos cartazes, cartões, músicas, todas têm um apelo à vida, ao renovo e à prática das boas ações. Sente-se o “ar” envolvido por uma “aura” de convite ao bem. Tudo conspira para a busca da paz. Parece que é chegado um novo tempo. E todos/as querem acreditar que algo inusitado está por ocorrer, que ainda é tempo de esperança. 
III – Tempo bom para a fé
Tem-se a impressão de que este é o tempo para se anunciar a fé, a bondade, a justiça, a honestidade. A humanidade é convidada a repensar a vida, a remanejar propósitos, a enxergar a grande benção que é a fé. Jesus nasceu, afinal. É Natal. Natal é tempo de presentes, de ceia com a família, de novos acordos. Depois tem o décimo terceiro salário e pode-se reformar a casa, trocar a geladeira, trocar o carro. Ainda se poderá comprar presentes para a família. Roupa nova para as crianças! Aquele perfume para a/o namorada/o! Aquela bicicleta para o/a afilhado/a! 
Nesta data a “caixinha” dos/as funcionários/as funciona – as pessoas estão mais dispostas à doação. Acredita-se que é tempo de exercitar a fé. Acredita-se que a bondade do Papai Noel precisa estender-se a todos/as. Natal é tempo de luz na terra – e as boas ações fazem parte da vida de pessoas iluminadas. É tempo de crer. 
IV – Em ritmo de festa
Se é tempo de bondade, de amor, de comunhão, então é bom que todos/as se organizem para desfrutá-lo. Assim surgem as demais “caixinhas”: a do/a mecânico/a, a do/a gari; a do correio; a da padaria; a da manicure; a da lanchonete...O tempo é propício para os bons sentimentos. Todos/as querem se ajudar. As creches recebem visitas. Os abrigos de idosos/as são alcançados com presentes. As grandes empresas de automóveis realizam sorteios de carros brinde. Famílias inteiras são beneficiadas com as “Cestas de Natal”. Crianças recebem presentes que lhes trazem sorrisos há muito inexistentes. 
Sem dúvida que Natal é tempo de festa. É aniversário de Jesus. Num certo ano, num certo dia e mês, Deus se tornou uma criança e nasceu do ventre de uma jovem judia. Desta maneira a humanidade conhece o único caminho que pode conduzi-la à restauração. Só o amor de Deus, demonstrado em atitude tão concreta, é que pode convencer o ser humano a voltar-se para Ele e confiar que Ele é “o caminho, a verdade e a vida”. Esta é a festa que se celebra nesta data: a vinda do Deus Salvador ao mundo por Ele criado. Para incompreensão de muitos/as, Deus se torna um ser humano para ensinar a humanidade o que pode trazer-lhe a verdadeira vida.
V – Jesus Nasceu!
Jesus nasceu mesmo! De verdade! Quem esteve vivo naqueles dias presenciou tudo. As famílias de Maria e de José sabiam do nascimento. Os magos, de terras distantes, foram avisados e viajaram para ver o Menino Jesus. Deus mandou uma estrela guiá-los até o local da “festa”. Isabel, prima de Maria e mãe de João Batista, soube logo que a criança no ventre de Maria era o Messias Prometido. Herodes creu tanto no nascimento do Messias que mandou matar as crianças de até dois anos de idade, para impedir que a salvação alcançasse a humanidade. 
a- O contexto da festa 
Maria e José, gente pobre, nascida numa vila em Nazaré. Gente simples, mas temente a Deus. Casal escolhido por Deus para receber a Jesus. Pessoas sujeitas às leis do poder romano tal como todas as outras. Grávida de quase nove meses Maria tem que viajar para participar do recenseamento em Belém. Viagem pesada para uma grávida – mas que lei tende a socorrer aqueles/as que não estão no “topo” da sociedade? O que surpreende aos/às líderes políticos e religosos/as daqueles dias é que o Senhor  estava com Maria e com José. 
b- A casa da festa e os/as convidados/as
Sem décimo terceiro, sem dinheiro e sem amigos/as que o tivessem, Maria celebrou o nascimento de Jesus num local bem estranho: um estábulo. A cama de Jesus foi o cocho (suporte para colocar alimento para os animais), sem cheirinhos de bebê. Nem havia bolas de assoprar, nem “língua de sogra” pra se brincar e muito menos bolo de chocolate pra comer. Seus/suas amigos/as foram os bichinhos que o Pai Celeste criara: bois, jumentos, vacas, ovelhas... A criação se curva diante de Deus, na mais pura adoração.
c- A vida de Jesus
Desde então toda a vida de Jesus teve um só propósito: em todo o tempo convidar todas as pessoas a viverem como cidadãs do Reino de Deus. Neste reino tudo que é abominável a Deus precisaria ser abandonado: ira, maledicência, ciúme, idolatria, gula, desamor, ganância, acepção de pessoas, rejeição às crianças (porque delas é o Reino de Deus), inveja, preconceito, religiosidade, hipocrisia, orgulho, ostentação, e por aí vai uma lista enorme. Mas, na verdade, não se tem uma lista definida que deve ser decorada e seguida sem qualquer entendimento. Ou só por se entender que seguindo a lista alguém se torne digno e merecedor do amor de Deus. Não mesmo! A salvação não se daria por uma prática farisaica, amparada pela vaidade e prepotência de quem se entende tão justo/a que pode atrair a bondade de Deus. Pelo contrário, a salvação se daria por um caminho que se estreita para o ser humano, já que sua marca é exatamente o reconhecimento de ser pessoa pecadora e carente da constante presença de Deus para que se vença as tentações. Esta convicção, que traz um profundo senso de arrependimento e de adoração a Deus, é o que move o ser humano por completo. Ocorre uma mudança de compreensão da vida e do seu significado. Só se sente a vida quando esta se encontra dentro do projeto de Deus. E todo o restante ocorre a partir desta demarcação/conversão. (Se desejar inebriar-se com a maravilhosa explanação bíblica, leia a carta aos Hebreus. Certamente você glorificará a Deus inúmeras vezes por este documento deixado a nós. Maravilhosa Graça de Deus a nosso favor).
VI- Onde está Ele? 
É assim que Jesus fala de si e da Sua festa de aniversário. É assim que o livro (Bíblia Sagrada) descreve a festa de Natal. É Natal quando a vida de Deus nasce na vida de uma pessoa humana.Tudo se transforma! 
Sendo essa descrição uma verdade, então há que se procurar Jesus nesta tão celebrada festa de Natal. Onde está o aniversariante? Você pode vê-lo na forma como o comércio proclama a festa, que é dEle? Como Jesus vê Seu aniversário sendo usado como instrumento de manipulação de vidas, a fim de que se mantenha vivo o “todo poderoso” lucro gerado pelo dinheiro (capital)? 
Maria e José seriam hoje convidado/a para as celebrações de aniversário do filho que Deus lhes dera? Teriam roupa para isto? Teriam recursos para fazer as trocas de presentes? 
Maria Madalena seria recebida para jantares ao redor das mesas das famílias? Ou mais uma vez seria tida como alguém que jamais deveria ter parte com o Messias?
Ainda se ouve a voz dos anjos dizendo: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra a todos a quem quer bem?” Ou o ceticismo trocaria o anjo por carros de som, alto-falantes, propagandas e afins, anunciando as promoções mercadológicas do dia? 
Jesus seria bem acolhido nas celebrações religiosas que se fazem ao Seu nascimento? Ou seus trajes simples, de homem-Deus, trariam constrangimentos para os/as presentes à festa?
O pós-festa ao aniversariante Jesus traria alegria ao coração dEle? Ou o pós-festa só denunciaria que com o sem o aniversariante a festa “rolaria” do mesmo jeito? O aniversariante sequer é lá muito conhecido de quem celebra o seu nascimento- aliás, o nome dEle é só um pretexto para velhas e conhecidas celebrações dos desejos e pretensões humanas? 
Jesus gostaria mesmo dos presentes oferecidos a Ele? Gostaria que se falasse dEle sem que se quisesse realmente ser como Ele? Feito discursos em alguns enterros, em que se fala do/a morto/a apenas para se cumprir um ritual? Ou por não ser “legal” dizer o que realmente se pensa sobre ele/ela? 
Se convidados/as para celebrarem o nascimento de Jesus lá naquele curral onde Ele nascera, quantos/as realmente iriam? Afinal, festa de pobre é meio sem graça. E resolve morar em lugares tão distantes, sem lugar para se estacionar os carros, sem uma bebida apropriada, sem um lugar confortável para se sentar... 
E se nas festas de aniversário celebradas a Jesus Ele resolvesse anunciar a vontade do Pai dEle?  A festa ainda seria a mesma? Quantos/as se disporiam a ouvir o “dono” da festa?
VII- Jesus é morto
Por estas e outras questões é que a mágica do natal de hoje parece celebrar um Jesus desconhecido. Com pesar pode-se concluir que o ´jesus´ celebrado na grande maioria das festas deste final de ano não são para o Jesus Filho de Deus. São feitas para um aniversariante imaginário, que não é conhecido da grande maioria, que não é bem vindo e a quem não se deseja ouvir. É que o Jesus Filho de Deus é um “estraga prazeres” das festas natalinas. Enquanto Ele propõe celebração para a vida eterna, o que se deseja é celebração do momento atual, do que se quer viver agora, de forma descompromissada e pouco impactante. Enquanto se adora o festejo em si, as roupas, as mesas fartas e as muitas bebidas, Ele convida a que se celebre a Ceia do Senhor. Enquanto se celebra a vida abundante aqui, Jesus convida a que se tome a cruz da obediência. 
Enfim, o que parece é que na maioria das celebrações mágicas do natal, não há lugar para estrebarias. O aniversariante não é o Jesus Cristo vivo e sim um morto imaginário criado à imagem e semelhança da humanidade. Este jesus não é o da cruz e muito menos o da ressurreição. Este está morto – é apenas uma imagem que jaz pregada a uma cruz, sem qualquer poder de gerar salvação e vida. 
 Conclusão
Jesus é vivo. Muito vivo mesmo!  Por isto há que se celebrar ARDORASAMENTE O NATAL DESTE FILHO DO DEUS ALTÍSSIMO. Que a celebração do nascimento dele seja uma glorificação Aquele de quem a Bíblia fala: caminho, verdade e vida. Tudo que se tem a fazer é não confundir “alhos com bugalhos”, brilho com ouro, ou, parafraseando o pastor Moisés Abdon, não confundir emocionalismo com emoção (em seu livro: Crônicas de uma Alma Subversiva*). Natal não é uma festa de emocionalismo, de pretensões temporárias de bondade e paz. Não é o brilho das luzinhas (maravilhosas e mágicas) dos enfeites do final de ano. Ela é uma festa maravilhosa de relevada emoção, conduzindo-me a atitudes concretas de adoração, profecia e missão. Encerro conclamando a todos/as que festejem muito o Natal de Jesus. Enfeitemos as nossas casas, os nossos templos, os nossos locais de trabalho. Porém, sempre lembrando que:
“A emoção é altruísta – pensa nos outros. O emocionalismo é egoísta – pensa somente em si.
A emoção louva e canta com os olhos abertos. O emocionalismo canta com os olhos fechados.
A emoção ora e se coloca do lado de Deus para a ação missionária. O emocionalismo clama e espera Deus mover os céus. 
A emoção centraliza a fé em Crito. O emocionalismo centraliza o crer no homem ou na mulher de Deus. 
A emoção vê o coração. O emocionalismo vê aparência.
Deus nos livre da religião do emocionalismo e nos conserve na fé marcada pela emoção” (**)
É NATAL. Tempo de festa e de muita emoção! Jesus nos convida para a Festa Missionária. 
Citação: (*) e (**) – Crônicas de uma Alma Subversica. Moisés Abdon Coppe, Editora Filhos da Graça, Belo Horizonte, MG, 2012, pp 55. 

É NATAL! JESUS MORREU!

Resolvi dar uma olhada ao redor, para apreciar os primeiros enfeites de Natal que já estão em evidência. O colorido verde-vermelho faz contraste com o prateado-dourado, que sempre o acompanha. Enfeites lindos: bolas, árvores, velas, flores (especialmente os bicos de papagaio) e sinos. As meias  decorativas de feltro, de tamanhos diversos, fazem lembrar que alguém colocará presentes dentro das mesmas. Por isto ficam bem à vista, presas às portas ou às árvores de Natal. Os cartões de Natal já estão por todo lado, quase sempre com fotos ou pinturas de um Natal bem distante de nós, pessoas do Brasil: muita neve, bonecos de neve, roupas de frio, cachecóis coloridos, muitos papais-noéis obesos e de olhar bondoso, trenós, renas, sacolas e sacolas de presente. Pessoas bonitas e jovens ao redor de mesas lindas e fartas. Famílias com pai-mãe-filhos/as ao redor das árvores enfeitadas. 

As lojas se superam em vitrines admiráveis. Comumente se vê um Papai Noel convidando o/a expectador a entrar e apreciar as ofertas para presentes de Natal. E o sorriso estampado no rosto deste velho conhecido é tão simpático, tão natural que até contagia. Dá vontade de sorrir também. Aliás, tem-se a impressão que chegou o tempo da alegria, do sonho, da comunhão, da fraternidade, da bondade e do altruísmo. Parece um sonho bom, daqueles que a gente não quer que chegue ao final. Tudo tão bonito!Tudo tão agradável!Tudo tão convidativo...

 

I – Sonho bom, contagia!

Tem-se uma sensação tão agradável. Meio parecida com aquela que se experimenta quando em férias, em lugares bem aprazíveis e bucólicos. Dá até prá inspirar fundo e sentir intensamente o prazer de se poder parar e descansar - de preferência junto à família. Esta sensação prazerosa parece ser a que envolve o Natal. 

Para onde se olha há algo que remete à festa. As ruas estão enfeitadas, as casas estão iluminadas. As praças são cuidadosamente enfeitadas com luzinhas de todos os jeitos. À noite os olhares, cansados ou nãos, podem repousar nestas imagens que são encantadoras. Quase mágicas. As famílias saem mais à rua, as crianças estão mais presentes às praças. Espaços públicos, antes quase imperceptíveis ,agora mais parecem cenários de filmes hollywoodianos. Efeitos luminosos do “pisca-pisca” conseguem prender a atenção até dos/as mais apressados/as. Mais uma vez o ambiente parece mágico! 

E as músicas? Até estas são agora voltadas para o Natal. Estabelecimentos que antes se utilizavam de músicas outras para agradar à clientela, agora estão como que em acordo universal e só se ouve músicas de Natal. 

 

II – Tempo de comunhão

O assunto central é o Natal. Os planos, as agendas, as festas, os jantares, enfim, a vida social está voltada para a festa natalina. Amigos/as combinam os encontros para troca de presentes, familiares fazem questão de se reunir especialmente nesta data. As escolas programam as suas festas. A turma do trabalho ressalta a importância de estar junta e celebrar o espírito do Natal. Pessoas se dispõem ao perdão, à reconciliação, a novas chances para relacionamentos rompidos. 

As mensagens nos cartazes, cartões, músicas, todas têm um apelo à vida, ao renovo e à prática das boas ações. Sente-se o “ar” envolvido por uma “aura” de convite ao bem. Tudo conspira para a busca da paz. Parece que é chegado um novo tempo. E todos/as querem acreditar que algo inusitado está por ocorrer, que ainda é tempo de esperança. 

 

III – Tempo bom para a fé

Tem-se a impressão de que este é o tempo para se anunciar a fé, a bondade, a justiça, a honestidade. A humanidade é convidada a repensar a vida, a remanejar propósitos, a enxergar a grande benção que é a fé. Jesus nasceu, afinal. É Natal. Natal é tempo de presentes, de ceia com a família, de novos acordos. Depois tem o décimo terceiro salário e pode-se reformar a casa, trocar a geladeira, trocar o carro. Ainda se poderá comprar presentes para a família. Roupa nova para as crianças! Aquele perfume para a/o namorada/o! Aquela bicicleta para o/a afilhado/a! 

Nesta data a “caixinha” dos/as funcionários/as funciona – as pessoas estão mais dispostas à doação. Acredita-se que é tempo de exercitar a fé. Acredita-se que a bondade do Papai Noel precisa estender-se a todos/as. Natal é tempo de luz na terra – e as boas ações fazem parte da vida de pessoas iluminadas. É tempo de crer. 

 

IV – Em ritmo de festa

Se é tempo de bondade, de amor, de comunhão, então é bom que todos/as se organizem para desfrutá-lo. Assim surgem as demais “caixinhas”: a do/a mecânico/a, a do/a gari; a do correio; a da padaria; a da manicure; a da lanchonete...O tempo é propício para os bons sentimentos. Todos/as querem se ajudar. As creches recebem visitas. Os abrigos de idosos/as são alcançados com presentes. As grandes empresas de automóveis realizam sorteios de carros brinde. Famílias inteiras são beneficiadas com as “Cestas de Natal”. Crianças recebem presentes que lhes trazem sorrisos há muito inexistentes. 

Sem dúvida que Natal é tempo de festa. É aniversário de Jesus. Num certo ano, num certo dia e mês, Deus se tornou uma criança e nasceu do ventre de uma jovem judia. Desta maneira a humanidade conhece o único caminho que pode conduzi-la à restauração. Só o amor de Deus, demonstrado em atitude tão concreta, é que pode convencer o ser humano a voltar-se para Ele e confiar que Ele é “o caminho, a verdade e a vida”. Esta é a festa que se celebra nesta data: a vinda do Deus Salvador ao mundo por Ele criado. Para incompreensão de muitos/as, Deus se torna um ser humano para ensinar a humanidade o que pode trazer-lhe a verdadeira vida.

 

V – Jesus Nasceu!

Jesus nasceu mesmo! De verdade! Quem esteve vivo naqueles dias presenciou tudo. As famílias de Maria e de José sabiam do nascimento. Os magos, de terras distantes, foram avisados e viajaram para ver o Menino Jesus. Deus mandou uma estrela guiá-los até o local da “festa”. Isabel, prima de Maria e mãe de João Batista, soube logo que a criança no ventre de Maria era o Messias Prometido. Herodes creu tanto no nascimento do Messias que mandou matar as crianças de até dois anos de idade, para impedir que a salvação alcançasse a humanidade. 

a- O contexto da festa 

Maria e José, gente pobre, nascida numa vila em Nazaré. Gente simples, mas temente a Deus. Casal escolhido por Deus para receber a Jesus. Pessoas sujeitas às leis do poder romano tal como todas as outras. Grávida de quase nove meses Maria tem que viajar para participar do recenseamento em Belém. Viagem pesada para uma grávida – mas que lei tende a socorrer aqueles/as que não estão no “topo” da sociedade? O que surpreende aos/às líderes políticos e religosos/as daqueles dias é que o Senhor  estava com Maria e com José. 

b- A casa da festa e os/as convidados/as

Sem décimo terceiro, sem dinheiro e sem amigos/as que o tivessem, Maria celebrou o nascimento de Jesus num local bem estranho: um estábulo. A cama de Jesus foi o cocho (suporte para colocar alimento para os animais), sem cheirinhos de bebê. Nem havia bolas de assoprar, nem “língua de sogra” pra se brincar e muito menos bolo de chocolate pra comer. Seus/suas amigos/as foram os bichinhos que o Pai Celeste criara: bois, jumentos, vacas, ovelhas... A criação se curva diante de Deus, na mais pura adoração.

c- A vida de Jesus

Desde então toda a vida de Jesus teve um só propósito: em todo o tempo convidar todas as pessoas a viverem como cidadãs do Reino de Deus. Neste reino tudo que é abominável a Deus precisaria ser abandonado: ira, maledicência, ciúme, idolatria, gula, desamor, ganância, acepção de pessoas, rejeição às crianças (porque delas é o Reino de Deus), inveja, preconceito, religiosidade, hipocrisia, orgulho, ostentação, e por aí vai uma lista enorme. Mas, na verdade, não se tem uma lista definida que deve ser decorada e seguida sem qualquer entendimento. Ou só por se entender que seguindo a lista alguém se torne digno e merecedor do amor de Deus. Não mesmo! A salvação não se daria por uma prática farisaica, amparada pela vaidade e prepotência de quem se entende tão justo/a que pode atrair a bondade de Deus. Pelo contrário, a salvação se daria por um caminho que se estreita para o ser humano, já que sua marca é exatamente o reconhecimento de ser pessoa pecadora e carente da constante presença de Deus para que se vença as tentações. Esta convicção, que traz um profundo senso de arrependimento e de adoração a Deus, é o que move o ser humano por completo. Ocorre uma mudança de compreensão da vida e do seu significado. Só se sente a vida quando esta se encontra dentro do projeto de Deus. E todo o restante ocorre a partir desta demarcação/conversão. (Se desejar inebriar-se com a maravilhosa explanação bíblica, leia a carta aos Hebreus. Certamente você glorificará a Deus inúmeras vezes por este documento deixado a nós. Maravilhosa Graça de Deus a nosso favor).

 

VI- Onde está Ele? 

É assim que Jesus fala de si e da Sua festa de aniversário. É assim que o livro (Bíblia Sagrada) descreve a festa de Natal. É Natal quando a vida de Deus nasce na vida de uma pessoa humana.Tudo se transforma! 

Sendo essa descrição uma verdade, então há que se procurar Jesus nesta tão celebrada festa de Natal. Onde está o aniversariante? Você pode vê-lo na forma como o comércio proclama a festa, que é dEle? Como Jesus vê Seu aniversário sendo usado como instrumento de manipulação de vidas, a fim de que se mantenha vivo o “todo poderoso” lucro gerado pelo dinheiro (capital)? 

Maria e José seriam hoje convidado/a para as celebrações de aniversário do filho que Deus lhes dera? Teriam roupa para isto? Teriam recursos para fazer as trocas de presentes? 

Maria Madalena seria recebida para jantares ao redor das mesas das famílias? Ou mais uma vez seria tida como alguém que jamais deveria ter parte com o Messias?

Ainda se ouve a voz dos anjos dizendo: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra a todos a quem quer bem?” Ou o ceticismo trocaria o anjo por carros de som, alto-falantes, propagandas e afins, anunciando as promoções mercadológicas do dia? 

Jesus seria bem acolhido nas celebrações religiosas que se fazem ao Seu nascimento? Ou seus trajes simples, de homem-Deus, trariam constrangimentos para os/as presentes à festa?

O pós-festa ao aniversariante Jesus traria alegria ao coração dEle? Ou o pós-festa só denunciaria que com o sem o aniversariante a festa “rolaria” do mesmo jeito? O aniversariante sequer é lá muito conhecido de quem celebra o seu nascimento- aliás, o nome dEle é só um pretexto para velhas e conhecidas celebrações dos desejos e pretensões humanas? 

Jesus gostaria mesmo dos presentes oferecidos a Ele? Gostaria que se falasse dEle sem que se quisesse realmente ser como Ele? Feito discursos em alguns enterros, em que se fala do/a morto/a apenas para se cumprir um ritual? Ou por não ser “legal” dizer o que realmente se pensa sobre ele/ela? 

Se convidados/as para celebrarem o nascimento de Jesus lá naquele curral onde Ele nascera, quantos/as realmente iriam? Afinal, festa de pobre é meio sem graça. E resolve morar em lugares tão distantes, sem lugar para se estacionar os carros, sem uma bebida apropriada, sem um lugar confortável para se sentar... 

E se nas festas de aniversário celebradas a Jesus Ele resolvesse anunciar a vontade do Pai dEle?  A festa ainda seria a mesma? Quantos/as se disporiam a ouvir o “dono” da festa?

 

VII- Jesus é morto

Por estas e outras questões é que a mágica do natal de hoje parece celebrar um Jesus desconhecido. Com pesar pode-se concluir que o ´jesus´ celebrado na grande maioria das festas deste final de ano não são para o Jesus Filho de Deus. São feitas para um aniversariante imaginário, que não é conhecido da grande maioria, que não é bem vindo e a quem não se deseja ouvir. É que o Jesus Filho de Deus é um “estraga prazeres” das festas natalinas. Enquanto Ele propõe celebração para a vida eterna, o que se deseja é celebração do momento atual, do que se quer viver agora, de forma descompromissada e pouco impactante. Enquanto se adora o festejo em si, as roupas, as mesas fartas e as muitas bebidas, Ele convida a que se celebre a Ceia do Senhor. Enquanto se celebra a vida abundante aqui, Jesus convida a que se tome a cruz da obediência. 

Enfim, o que parece é que na maioria das celebrações mágicas do natal, não há lugar para estrebarias. O aniversariante não é o Jesus Cristo vivo e sim um morto imaginário criado à imagem e semelhança da humanidade. Este jesus não é o da cruz e muito menos o da ressurreição. Este está morto – é apenas uma imagem que jaz pregada a uma cruz, sem qualquer poder de gerar salvação e vida. 

 

Conclusão

Jesus é vivo. Muito vivo mesmo!  Por isto há que se celebrar ARDORASAMENTE O NATAL DESTE FILHO DO DEUS ALTÍSSIMO. Que a celebração do nascimento dele seja uma glorificação Aquele de quem a Bíblia fala: caminho, verdade e vida. Tudo que se tem a fazer é não confundir “alhos com bugalhos”, brilho com ouro, ou, parafraseando o pastor Moisés Abdon, não confundir emocionalismo com emoção (em seu livro: Crônicas de uma Alma Subversiva*). Natal não é uma festa de emocionalismo, de pretensões temporárias de bondade e paz. Não é o brilho das luzinhas (maravilhosas e mágicas) dos enfeites do final de ano. Ela é uma festa maravilhosa de relevada emoção, conduzindo-me a atitudes concretas de adoração, profecia e missão. Encerro conclamando a todos/as que festejem muito o Natal de Jesus. Enfeitemos as nossas casas, os nossos templos, os nossos locais de trabalho. Porém, sempre lembrando que:

“A emoção é altruísta – pensa nos outros. O emocionalismo é egoísta – pensa somente em si.

A emoção louva e canta com os olhos abertos. O emocionalismo canta com os olhos fechados.

A emoção ora e se coloca do lado de Deus para a ação missionária. O emocionalismo clama e espera Deus mover os céus. 

A emoção centraliza a fé em Crito. O emocionalismo centraliza o crer no homem ou na mulher de Deus. 

A emoção vê o coração. O emocionalismo vê aparência.

Deus nos livre da religião do emocionalismo e nos conserve na fé marcada pela emoção” (**)

É NATAL. Tempo de festa e de muita emoção! Jesus nos convida para a Festa Missionária. 

 

Citação: (*) e (**) – Crônicas de uma Alma Subversica. Moisés Abdon Coppe, Editora Filhos da Graça, Belo Horizonte, MG, 2012, pp 55. 

 




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