Carta da Conferência Doutrinária e Teológico Pastoral do 20º Concílio Geral

Pastores, pastoras, irmãos e irmãs da Igreja Metodista no Brasil

 “Prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino” – 2 Timóteo 4.2

Durante o 20º Concílio Geral da Igreja Metodista, ocorrido de 03 a 10 de julho de 2016, nas dependências da Escola de Missões, na cidade de Teresópolis, no Rio de Janeiro, realizamos uma Conferência Doutrinária, versando sobre os temas que orientam a caminhada ministerial da Igreja, a seguir: Discipulado, Dons e Ministérios, Igreja Conciliar, Escola Dominical, Eclesiologia Metodista e Ministério Pastoral. As palestras se encontram disponíveis no site da Área Nacional para serem lidas e ouvidas para motivar a reflexão da Igreja.

Os Bispos e Bispa apresentaram os temas propostos, reafirmando o compromisso da Igreja com a sua doutrina e com sua tradição cristã, tendo como objetivo que a Igreja Metodista esteja firmada sobre os fundamentos sólidos de sua fé, à luz de sua história e da sua vocação, expressos através de seus documentos e decisões conciliares.

Após a apresentação das palestras, os delegados e as delegadas do 20º Concílio Geral puderam reagir a elas. Diversas manifestações foram feitas, em sua maioria afirmando nossas doutrinas e tradição wesleyana e outras versando sobre preocupações com possíveis desvios doutrinários praticados por algumas poucas de nossas comunidades. O Colégio Episcopal alerta aos pastores e às pastoras que estão à frente dessas comunidades que revejam suas práticas ministeriais e conduzam o rebanho que está sob o seu pastoreio conforme orientação de nossos documentos, das decisões conciliares e do Colégio Episcopal.

A seguir, uma síntese das palestras e reações dos delegados e delegadas:

1. DISCIPULADO – GRANDE COMISSÃO DE JESUS À IGREJA

A Igreja Metodista é uma igreja organizada em dons e ministérios e tem o discipulado como estilo de vida. Jesus, no exercício de seu ministério faz com que o discipulado norteie o seu relacionamento com os seus discípulos e com as suas discípulas. No discipulado existem estratégias de ação que são temporais e adaptáveis às épocas e lugares, nem sempre a que deu certo em um lugar ou época pode dar certo em outro. Elas devem sempre estar voltadas para a unidade da igreja. Para isso, necessitamos encontrar um caminho comum em que todos/as os/as metodistas possam trilhar rumo à unidade na diversidade. 

2. DONS E MINISTÉRIOS

A Igreja Metodista reafirma os dons e ministérios como expressão do sacerdócio universal de todos os crentes e da eclesiologia metodista, especialmente por meio da Área Missionária, Docente, Social, Trabalhos com Crianças e Administrativa. Esses dons e ministérios visam ao serviço que a Igreja presta ao mundo em termos de evangelização e aos seus membros como forma de edificação (Romanos 1.11; 1 Coríntios 12.31). Não há necessidade de conflitar discipulado com dons e ministérios, um completa o outro e no discipulado as pessoas são despertadas para servir à igreja.

3. IGREJA CONCILIAR 

A palavra concílio tem sua origem na expressão latina “Concilium”, com o sentido de harmonizar, tranquilizar, adequar ou ajustar. É uma assembleia para deliberação, em que chegar a um consenso para as partes, é a finalidade última. A Igreja Metodista se estrutura e delibera a partir dos concílios nos seus diversos níveis de atuação. 

Ela é também uma igreja conexional tendo como uma de suas características a representação da igreja local nos concílios distrital e regional, e da região no geral. A Igreja Metodista reafirma esta perspectiva na palavra de John Wesley “no essencial, unidade; no não essencial, liberdade; em tudo, amor” e nos “25 Artigos de Religião”. 

A Igreja Metodista tem o seu governo exercido pelos bispos e pelas bispas, e juntamente com pastores e pastoras são guardiões e guardiãs da sã doutrina.

4. ESCOLA DOMINICAL

A Igreja Metodista reafirma a Escola Dominical e ratifica o entendimento da amplitude de seu alcance. Ela não é apenas bíblica, mas espaço de cuidado, de formação e até mesmo alfabetização, de gerar caráter cristão, visão missionária para desenvolvimento da salvação e formação cristã para pessoas de todas as faixas etárias. 

O Concílio Geral reforça a importância da utilização das revistas produzidas pela Igreja Metodista para manter a unidade do ensino bíblico e doutrinário.

A Escola Dominical é fundamental para a vida da Igreja e não pode ser suprimida, pois colabora com a vocação metodista para a educação, com estudo sequencial da Bíblia.

5. ECLESIOLOGIA METODISTA 

A eclesiologia determina o modo de ser da igreja. As ações do discipulado, de dons e ministérios, da igreja conciliar e conexional, do governo episcopal e da Escola Dominical evidenciam na prática o nosso modo de ser igreja, estando alinhada com o propósito de Jesus, tendo como alvo o amor de Cristo e a unidade do corpo que é formado pela comunidade de discípulas e discípulos.

A Igreja Metodista reforça sua convicção de que a Igreja é una, manifestando-se na diversidade dos chamados e das chamadas do corpo pastoral e da membresia. Preocupa-se com a unidade e com a clareza doutrinária e pastoral. Também reforça a educação, em todas as suas nuances, como meio de formação para a unidade e sustento da identidade metodista.

Segundo a tradição wesleyana, a Igreja é corpo de Cristo e Cristo é maior que a Igreja Metodista. A Igreja é de Jesus Cristo. Ela existe para anunciar o seu Senhor; quem fere a igreja fere e agride a Jesus Cristo. Ela é o alvo do amor de Cristo (Efésios 5.25-27) e é a comunidade dos santos. A igreja possui muitos ministérios, mas o Espírito é o mesmo (1 Coríntios 12.4-11) provocando assim sua mutualidade.

6. MINISTÉRIO PASTORAL

A Igreja Metodista reconhece os desafios do ministério pastoral relacionados com a identidade metodista, visão missionária, ética, dificuldades com a conexidade, individualização, banalização da fé e comércio da igreja no “mercado religioso”, entre outros, que colocam à prova o caráter e a prática pastoral.

Dentre as preocupações levantadas pelos bispos e pela bispa e pelos delegados e delegadas do concílio está a busca por saúde integral do corpo e da família pastoral. O perfil do pastor e da pastora deve ser identificado com os princípios bíblicos e wesleyanos, na diversidade dos dons que Deus distribuiu a cada pessoa. 

Efésios 4.1-7 deve inspirar a convicção do chamado para quem está disposto e disposta a ir onde precisar e o fazendo por amor, no temor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, cuidando amorosamente do rebanho sob seu cuidado.  A Igreja acolhe cada pessoa em amor.

Em amor, na esperança de motivar vocês ao estudo de nossa doutrina e modo de ser igreja, é que enviamos esta carta.